sexta-feira, setembro 29, 2006

OOIOO - Taiga


É quase impossível definir o som dessa banda de quatro japonesas fazem. Lideradas por Yoshimi P-we, que também faz parte do Boredoms, acabam de lançar seu quinto álbum, Taiga. Taiga em japonês significa "grande rio", em russo "floresta", além disso a sonoridade da palavra lembra tigre em inglês. Talvez isso seja o mote para o som desse disco em especial. Sons da natureza, cantos, batidas tribais preenchem o disco de forma geral, gerando um som melódico mas caótico. Variando momentos de frenesi e linhas de rock, é difícil de se perceber onde se está na música, principalmente considerando a extensão das músicas, chegando a ter 15 minutos de "despirocação". Além disso as músicas parecem ser denominadas por códigos de 3 letras como UMA, KMS, UJA e assim por diante, o que torna mais confusa a identificação das músicas (sem falar no nome da banda que parece seguir o padrão de codificação). No final, só dá pra dizer que o som é experimental e caótico. Apesar disso tudo, o som é no mínimo curioso e instigante, o que anda em falta na música atual.

Medeski Scofield Martin & Wood - Out Louder

Esse é o 12º álbum desse trio nova iorquino de jazz-funk, formado em 1992, que dessa vez fazem uma jam com o grande guitarrista John Scofield. Esse é segundo álbum que trio faz com Scofield, uma vez que eles participaram do álbum do guitarrista A Go Go de 1997. O MMW que se notabilizou por seu som suingado e pela parceria com Dj Logic, criando um som mais acessível ao público menos afeito ao jazz tradicional, não deixa por menos desta vez. A presença de Scofield, apesar de enriquecer o som dos caras, parece não interferir na onda do MMW. A abertura do álbum com Little Walter Rides Again, de Scofield, prova isso com uma levada tranquila onde os músicos podem desenvolver suas qualidades sem o exibicionosmo tradicional de jams desse tipo. As músicas que se seguem não perdem o ritmo e passeiam por diversos estilos com desenvoltura. Destaque para as músicas chamadas Tequila And Chocolate e Cachaça, com levada de bossa nova e tudo. Além disso destaco as "covers" de John Lennon em Julia e de Peter Tosh em Legalize It. Jazzinho de primeira! Pra quem quiser ouvir coisas mais experimentais dos caras procurem o disco Uninvisible de 2002. Excelente!

terça-feira, setembro 26, 2006

Cansei de Ser Sexy - CSS


Cara, vou te confessar. Tem muito muito tempo que eu ouço falar dessas meninas do CSS. Desde que elas vieram tocar aqui em BH na A Obra, nem sei quando. Só que nessa época todo mundo me falou que era presepada, que era tosco, etc. Depois eu fui ouvindo aqui e ali os burburinhos sobre a banda. Primeiro que elas estavam bombando na internet, depois que iam lançar um disco lá fora, depois que tinham lançado mesmo e iam fazer uma turnê americana, fizeram e foram bem, pelo que parece. Aí outro dia, eu li que a Apple estava interessada em lançar um iPod do CSS(!), mas que poderia melar porque a Microsoft as teria convidado pra fazer a mesma coisa com o Zune, o concorrente do iPod(!). Só que durante essa estória toda eu nunca tinha ouvido o som delas, o que fui fazer só hoje. E não é que o som realmente é bastante bom. Sintetizadores e bases tosquinhas, vocal descolados e letras irreverentes produzem um som divertido e despretensioso. Porém, não se pode menosprezar o poder dessa banda que em relelativamente pouco tempo passou de "presepada" para ser a banda brasileira mais bombada lá fora. Pra mim agora falta assitir a um show delas, mas como elas estão em turnê mundial vai ficar pro ano que vem.

Yo La tengo - I Am Not Afraid Of You and I Will Beat Your Ass

A banda veterana de New Jersey, completando mais de 20 anos de carreira, volta com 12º álbum, I Am Not Afraid of You and I Will Beat Your Ass. Depois de um disco mais pop em 2003, Summer Sun, o ecletismo é a maior característica desse excelente álbum. Muito bem produzido, com arranjos bem trabalhados, o álbum revela que a banda parece ter bastante gás ainda. Logo de cara, temos a faixa Pass the Hatchet, I Think I'm Goodkind, uma pancada cheia de distorções e texturas com quase 11 minutos de duração. Na sequência, na terceira faixa, uma com violinos e um piano bastante "deprê", chamada I Feel Like Going Home. Mr. Tough, a faixa seguinte parece uma daquelas músicas de seriado anos 70, com maracas e um pianinho. O disco segue assim, cheio de surpresas, passando por algumas faixas bonitinhas como Sometimes I Don´t Get You, dignas de um Belle & Sebastian, algumas viagens como a instrumental Daphnia e até um rockabilly em Watch Out For Me Ronnie. Nessas horas percebemos como uma banda veterana não precisa cair numa fórmula ou num clichê e acabar a carreira como uma sombra do que já foi no passado. Muito Bom! Vale a pena conferir.

Scissor Sisters - Ta-Dah

Scissor Sisters, que é uma gíria americana lésbica para o ato sexual, dá o nome e talvez defina o espírito galhofeiro dessa banda nova-iorquina (de novo!?), que se notabilizou primeiramente por suas apresentações teatrais e inspiradas nas drags queens e no glam rock. Já conhecidos na cidade por essas apresentações, lançam em 2003, o single de Comfortably Numb cover do Pink Floyd(?) que acabou por projetá-los pelo mundo inteiro, culminando com o lançamento do seu primeiro álbum em 2004 com próprio nome da banda. O grande sucesso de Take Your Mama Out e Laura, além de Comfortably Numb, agitou as pistas ao redor do mundo, o que criou uma grande expectativa para o lançamento de Ta-Dah, que aconteceu semana passada. Não se pode dizer que eles decepcionam nesse retorno. A influência de Elton John(já óbvia no álbum anterior) e do Disco dos anos 70 está mais presente que nunca, basta ouvir a primeira faixa e single de
Ta-Dah para constatar isso.O disco segue essa "pegada" Elton John até o fim, excetuando talvez as faixas Kiss You Off(com uma batida mais "atual") e The Other Side (com um vocal mais calmo e uma base mais hipnótica). Interessante é que na versão americana, temos um CD bônus(o que é cd mesmo?) com mais 6 faixas, que são no geral mais rock ou músicas remixadas como a excelente Making Ladies e o remix de I Don´t Feel Like Dancing, que fecham muito bem o álbum. Provavelmente iremos ouvir muito várias faixas desse disco pelas pistas do mundo.

segunda-feira, setembro 25, 2006

The Raconteurs - Broken Boys Soldiers

Formada pelo superstar Jack White (White Stripes), pelo multi-instrumentista Brendan Benson e pela "cozinha" do Greenhornes, essa banda foi criada como uma espécie de colônia de férias para seus integrantes. Liderados por Jack White, seus integrantes podem nesse projeto podem desenvolver, sem demasiada pressão, seu rock/blues sessentista. Apesar de White se destacar na banda por sua empatia natural, os vocais se dividem de forma quase igual entre ele e Benson, o que torna o estilo da banda bastante diverso. Talvez essa seja realmente o grande mérito do disco mostrar que a união de estilos diferentes pode trazer novos ares para seus integrantes em suas respectivas bandas, já que o som do Raconteurs em si não traz nada de novidade. Destaques para Steady as She Goes, Intimate Secretary e Store Bought Bones (com um órgão distorcido e vocais à la Yes). Disquinho rápido (pouco mais de meia hora) e divertido.

The Mars Volta - Amputechture

Terceiro álbum dos ex-integrantes do At The Drive-In Cedric Bixler-Savala e Omar Rodriguez-Lopez, que continuam sua viagem sonora metal-psicodélica experimental, contando com a ilustre participação, em quase todas as faixas, do guitarrista John Frusciante (Red Hot Chilli Peppers). Apesar de terem feito uma estréia bastante feliz com De-Loused In Comatorium, a banda vem sofrendo com a ambição de fazer revolução no rock/metal atual ao tentar inverter a lógica de músicas rápidas com riffs e vocais pegajosos. Nesse disco, as músicas tem em média quase 10 minutos, variando de quatro a desessete minutos (!), os riffs são longos, descontínuos e desencontrados, tentando introduzir uma noção de free jazz nas músicas, e o vocal segue a linha clássica do metal tradicional, porém, usa e abusa de efeitos. As músicas em geral tem grandes momentos mas, se perdem nos solos e barulhos ao longo(e bota longo nisso!) de seus dez minutos. Além disso, a banda perdeu um pouco de seu "punch" introduzindo músicas mais melodiosas, como em Asilos Magdalena cantada em espanhol(os caras são de origem porto-riquenha) e com base de violões. Se você quiser ouvir um progressivo, volte às origens e vá ouvir um King Crimson ou um Gentle Giant, se quiser ouvir metal, vá ouvir um Black Sabbath ou um Judas Priest que é o melhor que você faz. Se você quiser, tente ver o Mars Volta ao vivo, onde os caras realmente são brilhantes. Esse álbum fica só para os fãs.

sexta-feira, setembro 22, 2006

The Rapture - Pieces Of the People We Love



Falando em bandas de Nova Iorque, saiu esses dias o terceiro álbum do Rapture. Depois do sucesso estrondoso do segundo disco Echoes, graças ao hit House of Jealous Lovers, que bombou as pistas do mundo inteiro, a banda volta com uma certa responsabilidade nas costas. Porém esse disco, que curiosamente teve três produtores diferentes, não traz nenhum hit notável como o anterior, mas é um álbum mais homogêneo sem os altos e baixos do seu antecessor. Continua, entretanto, na mesma linha de rock dançante de antes e bebendo na mesma fonte (leia-se Gang of Four). Destacam-se as faixas Pieces Of the People We Love(com backing do rapper Cee-Lo), The Devil(que parece tirada de Echoes), Calling me e The Sound(que tem bases eletrônicas que lembram Chemical Brothers). Apesar da desconfiança de ser uma banda de um só hit, esse álbum revela que eles podem ir bem mais longe que isso.

Tv On The Radio - Return To Cookie Mountain



Segundo álbum dessa banda nova-iorquina, que anda "hypando" lá fora. Esse sucesso porém não é por acaso. Os "cabeças" da banda, o vocalista Tunde Adebimpe e o produtor e multi-instrumentista David Andrew Sitek, são também artistas visuais. Sitek trabalhou como produtor de diversas bandas, onde se destaca o EP e o album Fever To Tell do Yeah Yeah Yeahs. Além disso, e apesar da banda não levar isso como bandeira, eles são uma das poucas bandas de rock quase toda formada por negros, só Sitek é branco, o que é no mínimo curioso.
Nesse disco, a estréia deles numa grande gravadora (Interscope), a banda continua sua jornada atmosférica de experimentação, começada no EP de estréia Young Liars e no álbum Desperate Youth, Blood Thirsty Babes. A banda cria em suas músicas diversas camadas de sons que vão de batidas eletrônicas, ao piano, flauta, cítara, baixo acústico,etc. Imerso nesse mar sonoro, encontramos o vocalista Adebimpe e o guitarrista/ vocalista Kyp Malone, em arranjos vocais extremamente bem trabalhados, normalmente gerando uma espécie de efeito cascata, que se integra perfeitamente à esse ambiente denso das músicas. Destaque para as músicas I Was A Lover, Dirty Whirl e Province, que conta com nada menos que David Bowie nos backing vocals. A música do TVOTR não é, com certeza, um tipo de música muito fácil, mas quando se entra no clima se torna extremamente envolvente. E o melhor disso tudo, é que poderemos conferir em outubro, no Rio e em São Paulo, o show dos caras. Massa!

abrindo....

eese é uma blog exclusivamente de música. resolvi começar esse blog para dar vazão às coisas que ando ouvindo ultimamente e às vezes não tenho oportunidade de comentar com outras pessoas. sempre que puder postarei uma resenha sobre um disco, de preferência lançamentos recentes. quaisquer comentários, sugestões ou críticas são bem-vindas. []s